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CARTOGRAFIA DA HOSPITALIDADE

INTRODUÇÃO

A ação Cartografia da Hospitalidade é uma proposição que vê os espaços da cidade serem significados pelas experiências de encontros, acolhimentos e coexistência entre diferentes pessoas e grupos humanos que ali habitam e coexistem. A ação faz parte da metodologia do projeto de pesquisa homônimo. A sua metodologia é um processo participativo que objetiva trazer a crítica social para o campo da representação. O seu propósito é perceber, reconhecer e registrar diferentes maneiras e formas de apropriação dos espaços públicos urbanos – praças, parques, largos e ruas – que criam espacialidades frequentemente diferentes das propostas em projeto pelos arquitetos.


Esta ação cartográfica é a evolução da metodologia da oficina criada durante o doutorado em arquitetura da proponente, desenvolvida para ser um dispositivo de apoio aos estudos preliminares e de instrumentação dos alunos nos ateliês de projeto, em nível de graduação. Hoje, esta atividade atende as diferentes necessidades do atual projeto de pesquisa de Pós-doutorado servindo de dispositivo de auxilio as coletas de dados espaciais subjetivos de pesquisadores, em nível de mestrado e doutorado.


As Cartografias da Hospitalidade são, portanto, propostas de revisão e qualificação espacial e de uso das arquiteturas da cidade: são dispositivos de atravessamento de políticas de abertura de possibilidades de percepção, reconhecimento, manifestação e representação dos sujeitos e eventos envolvidos nas manifestações sociais, artísticas e culturais inseridas nas diferentes espacialidades dos espaços estudados e os modos que essas se permeiam e se relacionam entre si e com sua arquitetura.


O resultado esperado é o reconhecimento pelos arquitetos e futuros profissionais, da importância da conscientização de sua responsabilidade social na urgência do resgate do sentido de coexistência nos espaços da cidade contemporânea em nível de projeto de qualificação das suas arquiteturas.


METODOLOGIA


As ações cartográficas subjetivo-afetivas são de natureza rizomática e de política inclusiva. Os cartógrafos-participantes caminham explorando, percebendo e registrando as espacialidades que permeiam, criando suas cartografias individuais. A cartografia coletiva nasce da junção das experiências e materiais coletados no trabalho de campo.


Assumindo que os estudos da Arquitetura e do Urbanismo Contemporâneo são contaminados pela Sociologia, a Filosofia e as Artes, as cartografias são de natureza multidisciplinar. A ação convida os cartógrafos-participantes a utilizarem todas as formas de manifestação e registro que considerarem pertinente para realização de suas cartografias, como: coleta de material in loco, registro de imagens, eventos e performances em vídeo, desenho e fotografia, gravação de sons, textos, frases e poemas.


Local da ação cartográfica: Largo do Campo Grande e entorno.


Início e fechamento dos trabalhos: na UFBA.


Deslocamento: a pé e transporte público.


Número de participantes: 3 a 20 pessoas.


Tempo da Oficina:A oficina acontece em 3 ações que se distribuem em um dia e meio, sendo um turno por atividade: uma manhã e tarde (primeiro dia) e a manhã ou tarde do dia seguinte (conclusão da oficina).


Atividade 1 – Caminhando - manhã


Local: sala com cadeiras na UFBA


Tempo: uma manhã, em torno de 3 a 4 horas


Ação de cartografia pessoal baseada na proposição de Lygia Clark: age como dispositivo de sensibilização e facilitação de apropriação do espaço a ser cartografado. Esta cartografia pessoal cria referências de identidade com o mundo do entorno, enriquecendo sua percepção em relação ao universo da cidade a ser explorada na próxima ação do workshop (Figura 1).


Materiais:Individual: 1 tesoura, 1 folha de papel sulfite A1

Coletivo: Fita durex invisível, fita crepe,

Papéis coloridos, revistas velhas, linhas coloridas, tintas, lápis, hidrocôr, pedaços de tecidos, grampeadores.


Intervalo para almoço

Figura 1 - Imagem da atividade Caminhando.

Fonte: autoras, 2017.



Atividade 2 – Ação cartográfica: Reconhecendo/Reconhecimento/Registrando/Representando - tarde Local: Encontro na UFBA e partida para o Campo Grande

Tempo: 3 a 4 horas, dependendo do grupo

Materiais: Mapa cartesiano do Campo Grande (essencial).

Câmeras fotográficas, celulares com câmera e gravador, bloco de desenho, sacola para coleta de objetos e resíduos.

Para Virginia Kastrup, o tipo de atenção que acompanha o reconhecimento do espaço no processo cartográfico subjetivo é uma atenção à espreita, que acontece flutuante, concentrada e aberta. Durante a caminhada (Figura 2), passamos a buscar e cultivar virtualidades que já se encontravam dentro de nós identificando-as no espaço. O uso da atenção à espreita durante o movimento da cartografia busca evitar dois extremos: o relaxamento passivo e a rigidez controlada. Assim, a cartografia passa de uma competência para uma performance. Ela precisa ser desenvolvida como uma política cognitiva do cartógrafo 3 . Portanto, uma cartografia subjetiva como a proposta não tem possibilidade de produzir cartografias iguais em nenhum nível. O conjunto dos registros e as anotações no mapa cartesiano são a matriz da cartografia das influências do espaço explorado, portanto, é o resumo das conclusões sobre as percepções das qualidades das espacialidades envolvidas no processo cartográfico. Estes dados somados aos registros em outras mídias formarão a cartografia.

Figura 2 - Imagem da atividade de reconhecimento.

Fonte: autoras, 2018.


Atividade 3 – Finalização das cartografias - manhã ou tarde do dia seguinte: Local: UFBA

Tempo da atividade: 3 a 4 horas, dependendo do andamento dos trabalhos do grupo.

Do material cartográfico coletado e da criação coletiva (Figura 3) nascerá a Cartografia da Hospitalidade do Campo Grande. Depois de finalizada, a cartografia será debatida pelo coletivo e apresentada ao público interessado presente.


Encerramento da oficina.


Figura 3- atividade da cartografia.

Fonte: autoras, 2017.

REFERÊNCIAS: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia (volume 1). São Paulo: Editora 34, 1997. DERRIDA, Jacques; DUFOURMANTELLE, Anne. Anne Dufourmantelle convida Jacques Derrida a falar da Hospitalidade. São Paulo: Ed. Escuta, 2003. FABBRINI, Ricardo Nascimento. O espaço de Lygia Clark. São Paulo: Atlas, 1994. KASTRUP, Virginia; PASSOS, Eduardo; ESCÓSSIA, Liliana da (Orgs). Pistas do método da cartografia: Pesquisa- intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2014. OLALQUIAGA, Celeste. Megalópolis: sensibilidades culturais contemporâneas. São Paulo: Ed. Studio Nobel, 1998. PAESE, Celma. Contramapas de Acolhimento. Tese (Doutorado em Arquitetura) – PROPAR - Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, 2016. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/151123>. Acesso em: 07 jun. 2018.

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