top of page

V Enanparq

Oficina Cartografia da Hospitalidade

EIXO TEMÁTICO: IDEÁRIOS, PROJETO E PRÁTICA

13 de Outubro de 2018 - Salvador/BA

A oficina foi proposta para que acontecesse em 3 ações que se distribuem em um dia e meio, sendo um turno por atividade: uma manhã e tarde (primeiro dia) e a manhã ou tarde do dia seguinte (conclusão da oficina).

 

Antes de ir observar o espaço público, os participantes foram convidados a fazer a prática caminhando criada pela artista plástica Lygia Clark para entrar em introspecção e ter um maior entendimento da cidade e das pessoas que a compõe.

 

A primeira das 3 atividades propostas foi a atividade conhecida como “Caminhando”, que ocorreu durante um período entre 3 e 4 horas. Esta atividade consiste em uma ação de cartografia pessoal baseada na proposição de Lygia Clark[1]: age como dispositivo de sensibilização e facilitação de apropriação do espaço a ser cartografado. Esta cartografia pessoal cria referências de identidade com o mundo do entorno, enriquecendo sua percepção em relação ao universo da cidade a ser explorada na próxima ação do workshop (Figura 1). Os materiais disponibilizados para esta atividade foram: 1 tesoura, 1 folha de papel sulfite A1, Fita durex invisível, fita crepe, papéis coloridos, revistas velhas, linhas coloridas, tintas, lápis, hidrocôr, pedaços de tecidos, grampeadores.

 

[1] FABBRINI, Ricardo Nascimento. O espaço de Lygia Clark. São Paulo: Atlas, 1994, p. 95

Atividade Caminhando

Após a prática o grupo fez visitas ao estudo de caso em horas distintas e dias diferentes a fim de ver como a praça funciona ao longo da semana.

 

Em um segundo momento foi proposta uma atividade denominada como uma ação cartográfica, onde foi possível que cada indivíduo participante fizesse um reconhecimento, um registro e/ou representação. Esta atividade também durou cerca de 3 a 4 horas e foi dividida em dois dias de semana e horários diferentes, desta forma foi possível identificar os diversos atores que frequentam a praça. Foram disponibilizados materiais como: mapas cartesianos do Campo Grande, câmeras fotográficas, celulares com câmera e gravador, bloco de desenho, sacola para coleta de objetos e resíduos.

Visita ao Campo Grande

Para Virginia Kastrup, o tipo de atenção que acompanha o reconhecimento do espaço no processo cartográfico subjetivo é uma atenção à espreita, que acontece flutuante, concentrada e aberta.  Durante a caminhada (Figura 2), passamos a buscar e cultivar virtualidades que já se encontravam dentro de nós identificando-as no espaço. O uso da atenção à espreita durante o movimento da cartografia busca evitar dois extremos: o relaxamento passivo e a rigidez controlada. Assim, a cartografia passa de uma competência para uma performance. Ela precisa ser desenvolvida como uma política cognitiva do cartógrafo[1]. Portanto, uma cartografia subjetiva como a proposta não tem possibilidade de produzir cartografias iguais em nenhum nível.

 

O conjunto dos registros e as anotações no mapa cartesiano são a matriz da cartografia das influências do espaço explorado, portanto, é o resumo das conclusões sobre as percepções das qualidades das espacialidades envolvidas no processo cartográfico.  Estes dados somados aos registros em outras mídias formarão a cartografia.

 

Para depois criar suas cartografias e debater sobre como se encontra o Largo do Campo Grande e lançar propostas para futuras melhorias. Pela primeira vez o grupo analisou um espaço público cercado, sendo um diferencial para as cartografias geradas.

 

A terceira e última atividade proposta foi gerada a partir do material cartográfico coletado e da criação coletiva nascerá a Cartografia da Hospitalidade do Campo Grande. Depois de finalizada, a cartografia foi debatida pelo coletivo e apresentada ao público interessado presente.

 

[1] KASTRUP, Virginia; PASSOS, Eduardo; ESCÓSSIA, Liliana da (Orgs). Pistas do método da cartografia – pesquisa-intervenção e produção da subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2014, p.48.

Apresentação das cartografias indivduais

CONCLUSÕES/RESULTADOS

 

Ao contrário do que possa parecer, o que se constata na Praça do Campo Grande é uma rica utilização feita por cidadãos de diferentes classes sociais, que se dirigem até ali para exercer várias atividades.

 

A Praça do Campo Grande se impõe no cenário dos espaços públicos como um logradouro de importância histórica, cultural, recreativa e de sociabilidade.

Os elementos neoclássicos presentes na praça fazem com que o público local não se identifique com aquele lugar.

 

Sábado

Sentiu muito a questão do calor e da luminosidade do sol. Também notou que foi atraída para o centro da praça. O ambiente se apresenta mais hostil a permanência, pois a maior ruído.

Os locais identificados como os mais seguros foram onde havia uma maior concentração de pessoas. No sábado a tarde a presença de crianças e grupos de jovens transmitiu esta sensação de segurança.

A cartografia coletiva resultante da tarde de sábado identificou alguns fatores e personagens.

Outubro Rosa, Guarda Municipal, Chery Kiddo, Profeta, Gringo, Dança, Coleta

Ambulância, Criança, Pregador, Tarado, Patins, Cavaquinho, Café, Água de coco, Moradores de rua, Ambulantes

Sala de Visitas, Namoro, Rap, Bíblia, Brinquedo, Tênis dourado, Banho

Domingo

A percepção no domingo pela manhã é mais branda, no sentido em que os caminhos convidam a um passeio. O ambiente é mais agradável, os sons se misturam aos sons da natureza. A permanência é mais branda.

Mas no domingo também foi possível identificar a setorização de usos na praça. Onde fica clara a área para atividade física, a área para manifestações que se posiciona em ponto adjacente à praça, a zona do policiamento, a zona das crianças e a zona onde se encontram os percebemos a presença de humanos e cães.

Ao se passear pelo local em um dia de domingo comum, por exemplo, percebe-se a presença de crianças trazidas por seus pais de bairros da periferia, brincando no parque infantil; a comercialização de lanches em carrinhos de cachorro quente, pipoca ou churrasquinho, feitas por pessoas que, com certeza, não residem no entorno imediato da praça; como também, a utilização do espaço por cidadãos dos arredores do logradouro, como Corredor da Vitória, Graça e Canela, integrantes de uma classe mais privilegiada, realizando a sua atividade física diária. Neste contexto, a praça configurou-se como um importante espaço de sociabilidade da cidade.

Cartografia coletiva final - por dia de visita

A praça tem funções diversificadas, o que possibilita a atração de diferentes usuários. Observa-se em sua composição a instalação de equipamentos e mobiliários que permitem que as pessoas a utilizem de forma intensa e agradável. O logradouro é composto por ambientes como espaço de estar e contemplação, no caso das fontes e do lago, onde as pessoas podem sentar-se, à sombra de árvores frondosas, em bancos de madeira – que estão em grande quantidade em todo o espaço -, bancos de granito – inseridos como objeto de limites dos canteiros – ou em mesinhas de ferro instaladas no entorno das fontes, criando um confortável espaço de convivência.

bottom of page