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O projeto de pesquisa Cartografia da Hospitalidade tem a Arquitetura da cidade e os modos como as pessoas se relacionam com ela como objeto de estudo. A proposta objetiva criar, propor e experimentar ações de cartografias subjetivas individuais e coletivas que ajam como dispositivos de atravessamento de políticas de abertura de possibilidades de reconhecimento, manifestação e representação dos sujeitos não percebidos e não acolhidos pelos olhos daqueles que não querem ver, em um espaço urbano determinado: são ações cartográficas de natureza política inclusiva, que trazem a crítica social para o campo da representação da cidade e suas arquiteturas. Utilizadas como dispositivos de hospitalidade, seus frutos buscam somar, aos estudos de princípios de projetos de intervenção e planejamento urbano a real dimensão da urgência do resgate do sentido de coexistência na urbe, ao reconhecer a sua complexidade humana.

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Assumindo que os estudos da Arquitetura e do Urbanismo Contemporâneo são contaminados pela Sociologia, a Filosofia e as Artes, as cartografias são de natureza multidisciplinar, priorizando o reconhecimento, registro e representação das manifestações sociais, artísticas e culturais humanas inseridas nas diferentes paisagens psicossociais urbanas da área a ser estudada e os modos que estas se permeiam e se relacionam com suas arquiteturas. Elas utilizam em seu processo o caminhar errante, recursos de imagem e desenho como instrumentos de reconhecimento das formas espaciais que acolhem situações de acolhimento de grupos que se sobrepõem nas paisagens psicossociais de um espaço determinado, bem como suas manifestações socioculturais. O resultado é ‘traduzido’ em imagens (vídeos, time-lapsed e fotografias), textos e mapeamentos, que em seu conjunto formam a cartografia do espaço estudado.

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Utilizar o estudo da Arquitetura das cidades como dispositivo que chama a questionar as políticas de convívio entre pessoas, priorizando o respeito e aceitação das diferenças, abre outras possibilidades de coexistência. A hospitalidade, quando vista como potência ético-espacial, abre espaço às possibilidades de desenvolvimento das relações humanas e sociais, em diferentes níveis e sentidos. A ótica do acolhimento propõe enxergar além das aparências encontradas nas representações espaciais convencionais, trazendo à luz potências espaciais até então ignoradas. Cartografias que buscam reconhecer e representar acolhimentos expressam narrativas que se propõe a reconhecer modos de intensificar o potencial de acolhimento de espaços urbanos, através da investigação e revisão das maneiras de convívio e coexistência entre diferentes modos de vida na cidade. A construção de uma cartografia subjetiva como a proposta envolve a tradução do concreto ao abstrato e novamente ao concreto, que busca um ponto de encontro ou terreno comum entre diferentes linguagens e realidades espaciais, culturais e sociais. São cartografias com múltiplas entradas, saídas, que se constroem pelas influências das contribuições que chegam através das conexões entre diferentes campos e dimensões de espaço e tempo. A conexão destas influências descentra as linguagens dos seus enunciados e os conecta a um agenciamento coletivo onde, os crescimentos das diversas dimensões envolvidas nas multiplicidades de natureza mutante se conectam em uma rede de dobras e desdobras de variações, expansões, conquistas e capturas de expressões e gestos, de onde afloram as situações de acolhimento.

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